Fim de férias e fim das festas de verão. Com o findar do mês de Agosto, terminam, praticamente, as chamadas Festas de Verão. E com o seu fim, é a abalada daqueles que aqui vieram, ou passar férias, ou visitar os familiares ou gozar as nossas festas que, para muitos, têm um cunho muito especial.
Em próximas semanas chegará o Outono que, em tempos passados era considerado a Primavera açoriana, pelo clima ameno que nos trazia. Mas tudo chegou quase ao fim...
Os emigrantes, não foram muitos, regressaram aos seus lares, no Canadá ou nos Estados Unidos, principalmente. Outros visitantes regressam aos seus trabalhos, nos diversos sectores públicos e, os reformados, às suas residências a tratar dos netos...
Os estudantes fazem as malas. Seleccionam os compêndios, reformam os vestuários, arejam as capas... Tudo se apronta para a partida. E que dolorosa é ela por vezes...
Os que cá ficam recolhem-se a um mutismo confrangedor. Faltam-lhes os filhos, os netos, os amigos. Entram num isolamento por vezes atroz.
As ruas ficam quase desertas. Os sítios de lazer abandonados. O comércio diminuído. Restam-nos os campos, agora verdejantes, dum verde exótico, que lhes empresta o arvoredo que deles se assenhorou, nas faltas das culturas. Não houve trigos nem há praticamente milhos para colher nem se fazem as tão características e familiares desfolhadas, outrora tão alegres e acolhedoras. Os campos, que eram semeados de “Outonos” para alimentação dos gados domésticos, foram substituídos pelas rações importadas.
E, se para uns é agradável a contemplação dessas matas que se estendem pelas encostas, para outros elas trazem um misto de nostalgia pelo que eram os campos onde mourejavam dia-a-dia e o que, por abandonados, hoje são. Nem todos poderão aperceber-se dessa mortificante situação. Os mais antigos sofrem-na sem que tenham a coragem de revelar a angústia que sentem.
Aos picoenses, velhos e novos, resta o Pico – montanha. Sempre o mesmo e normalmente, na época de estio, sem alterações naturais visíveis destes lados. Todavia, no dia-a-dia, vai modificando seu aspecto, consoante as mudanças atmosféricas; se num dia está encoberto de nuvens pardacentas que o cobrem e escondem à contemplação dos picoenses, noutros dias amanhece límpido, com uns raios de sol a dourar as suas encostas e a oferecer beleza e encanto quando, ao alvorecer da manhã, os mais madrugadores para ela se voltam.
Vale ao menos ter esta montanha de encanto e beleza, que enche de nostalgia aqueles que daqui partem. Levam-na consigo, bem presente no seu espírito e para ela se voltam, quando a saudade lhes surge a apoquentar –lhes os dias e noites.
Como disse o Poeta, em poema maravilhoso, é a Montanha da minha dor,/Montanha do meu chorar;(...) Génio do meu viver.
Terminaram as festas, as principais do Pico. Outras haverá ainda, como seja a de Nossa Senhora da Piedade da Ponta, que outrora era uma das principais e à qual não faltavam alguns lajenses. De cá iam os músicos para reforçar a Capela, os sacerdotes para auxiliar os actos litúrgicos e, por vezes, fazer a pregação, e nos últimos anos, a Filarmónica Liberdade Lajense para abrilhantar a parte externa das festas. Uma festa precedida de novenário solene, sempre muito concorrido e que era aguardada pelos veraneantes que, principalmente da ilha Terceira, onde se fixou um razoável número de piedadenses, todos os anos ali vêm para tomar parte na festa da terra da sua naturalidade. A Senhora da Piedade continua a ser a sua Mãe-Protectora!
No lado Norte da Ilha, a meados de Setembro, celebra-se também, com brilho e entusiasmo, a festa da Padroeira da Prainha do Norte.
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